O Paleolítico, também conhecido como Idade da Pedra Lascada, foi o período mais longo da pré-história humana, estendendo-se aproximadamente de 2,5 milhões de anos atrás até cerca de 10.000 a.C. Durante este extenso período, nossos ancestrais viviam como nômades, deslocando-se constantemente em busca de alimentos. Um Dia na Vida de Aran: O Cotidiano no Neolítico acompanha a rotina de Aran, um homem do período Neolítico.
O sol ainda não havia surgido no horizonte quando Aran despertou. O frescor da manhã penetrava pelas frestas da pequena cabana de barro e palha onde vivia com sua família. Ao seu lado, sua esposa Nima e seus três filhos ainda dormiam, enrolados em peles de animais que os protegiam do sereno da noite.
Aran levantou-se silenciosamente, afastando as peles que serviam de cobertor. Vestiu-se com uma túnica simples feita de linho, tecido por Nima durante as longas noites de inverno. Calçou sandálias de couro cru, amarrando-as firmemente com tiras também de couro. Suas ferramentas - um machado de pedra polida e uma faca de sílex - esperavam-no perto da entrada.
Saindo da cabana, Aran respirou profundamente o ar puro da manhã. A aldeia, com suas vinte cabanas distribuídas em círculo ao redor de uma praça central, começava lentamente a despertar. Algumas mulheres já acendiam os fogos para preparar a primeira refeição do dia. Fumaça subia preguiçosamente das fogueiras externas, misturando-se à neblina matinal.
À distância, Aran podia ver os campos de cultivo que cercavam a aldeia. Fileiras organizadas de trigo e cevada ondulavam suavemente com a brisa da manhã. Os campos eram o orgulho da comunidade, resultado de gerações de conhecimento acumulado sobre quando plantar, quando colher e como cuidar da terra. Cada família tinha seu lote, mas todos trabalhavam juntos nos grandes projetos.
Antes de iniciar seu trabalho nos campos, Aran dirigiu-se ao pequeno curral coletivo onde os animais domesticados da aldeia passavam a noite. Cabras, ovelhas e alguns bois movimentavam-se inquietos, ansiosos para serem soltos para pastar. Aran separou duas cabras que pertenciam à sua família e as entregou ao filho de seu vizinho, um menino de nove anos chamado Tero, responsável por levar os animais para pastar nos campos após a colheita.
O menino assentiu, orgulhoso de sua responsabilidade. Em troca do cuidado com as cabras, a família de Aran compartilharia parte do queijo produzido com a família de Tero. Este era o modo como a aldeia funcionava: cada um contribuía com o que sabia fazer melhor, e todos se beneficiavam com as trocas.
Voltando à sua cabana, Aran encontrou Nima já desperta e acendendo o fogo central com a ajuda de pedras de sílex e um punhado de palha seca. Os três filhos — dois meninos e uma menina — também já estavam acordados e ajudavam a mãe nas tarefas matinais.
— Os homens vão trabalhar no campo norte hoje — pensou Aran enquanto comia um pedaço de pão achatado com queijo de cabra. — O chefe da aldeia acredita que precisamos ampliar a área de cultivo antes do próximo plantio.
Nima assentiu enquanto preparava uma pequena trouxa com alimentos para o marido levar: alguns frutos secos, mais pão e um odre de couro contendo água fresca. Ela passaria o dia no tear, trabalhando em um novo tecido de lã, além de cuidar das crianças e preparar as refeições.
Após a refeição matinal, Aran pegou suas ferramentas: uma enxada com lâmina de pedra polida presa a um cabo de madeira, uma foice com lâminas de sílex incrustadas em osso de animal, e um machado de pedra talhada, sua ferramenta mais preciosa, herdada de seu pai. Estas ferramentas, embora simples, eram essenciais para a sobrevivência da família e representavam os avanços tecnológicos do período neolítico.
Ao sair, Aran encontrou-se com outros homens da aldeia que se dirigiam ao campo norte. Juntos, caminharam cerca de meia hora até chegarem a uma área parcialmente desmatada. O trabalho do dia seria árduo: terminar de limpar o terreno, removendo as últimas árvores e arbustos para preparar o solo para o cultivo.
Ao sair, Aran encontrou-se com outros homens da aldeia que se dirigiam ao campo norte. Juntos, caminharam cerca de meia hora até chegarem a uma área parcialmente desmatada. O trabalho do dia seria árduo: terminar de limpar o terreno, removendo as últimas árvores e arbustos para preparar o solo para o cultivo.
Ao meio-dia, fizeram uma pausa para descansar e comer. Sentados à sombra de uma grande árvore ainda não derrubada, os homens compartilhavam histórias e observavam o progresso do trabalho. Um dos anciãos da aldeia, Kern, aproveitou o momento para compartilhar seu conhecimento sobre o céu. — Vejam as nuvens se formando no horizonte — disse, apontando para o céu. — Em três dias teremos chuva. Precisamos apressar o trabalho para aproveitar que o solo ficará mais macio para receber as sementes.
Todos assentiram respeitosamente. O conhecimento dos anciãos sobre os padrões climáticos era fundamental para o sucesso das colheitas. Saber quando plantar, quando colher e quando esperar pelas chuvas era o que mantinha a aldeia alimentada durante todo o ano.
À tarde, enquanto continuava seu trabalho, Aran escutou sons de flautas vindo da direção da aldeia. Era um lembrete.
de que, naquela noite, haveria uma celebração em honra aos espíritos da fertilidade. A colheita do trigo havia sido boa naquele ano, e a comunidade agradeceria com danças, cantos e oferendas.
Quando o sol começou a se pôr, os homens reuniram os troncos cortados e amarraram-nos com cordas feitas de fibras vegetais. Amanhã, arrastariam as toras para a aldeia, onde seriam usadas na construção de uma nova cabana para um jovem casal que acabara de se formar.
Ao retornar para a aldeia, Aran passou pelo local onde o oleiro da comunidade trabalhava. Observou-o por alguns momentos, fascinado pelo modo como as mãos hábeis do artesão transformavam o barro em potes, tigelas e jarros. A cerâmica era uma das grandes inovações daquele tempo, permitindo o armazenamento seguro de grãos e líquidos.
Satisfeito, Aran seguiu para sua cabana. A aldeia fervilhava de atividade ao entardecer. Mulheres voltavam dos poços de água carregando jarros na cabeça. Crianças brincavam, perseguindo-se entre as cabanas. Um grupo de jovens praticava com arco e flecha no campo aberto, preparando-se para a próxima expedição de caça.
Embora a agricultura fosse agora a principal fonte de alimento, a caça ainda complementava a dieta da aldeia. Os caçadores eram respeitados por sua coragem e habilidade, trazendo não apenas carne, mas também peles, chifres e ossos que seriam transformados em ferramentas, adornos e utensílios.
Ao chegar em casa, Aran encontrou Nima terminando de moer grãos de trigo entre duas pedras para fazer mais farinha. Seus filhos já haviam recolhido lenha para o fogo noturno e ajudado a trazer água do poço comum.
A refeição da noite foi servida enquanto o céu se tingia de púrpura. Sopa de grãos, pão, queijo fresco e algumas frutas silvestres colhidas pelas crianças. Uma refeição simples, mas nutritiva, resultado do trabalho coletivo da família e da comunidade.
Após a refeição, toda a família se dirigiu ao centro da aldeia, onde a celebração já começava. Uma grande fogueira iluminava a praça central. Os anciãos, sentados em lugar de honra, observavam com aprovação enquanto os mais jovens dançavam ao som de flautas de osso, tambores de pele e chocalhos feitos de sementes secas.
No centro da celebração estava uma pequena estátua de barro representando uma mulher de formas arredondadas — a deusa da fertilidade, protetora das colheitas e dos nascimentos. Ao redor dela, oferendas de grãos, frutas e pequenas peças de artesanato demonstravam a gratidão da comunidade pelos bons resultados daquele ano.
Aran observava a celebração com um sentimento de pertencimento e orgulho. Sua aldeia havia prosperado, as colheitas estavam garantidas, seus filhos cresciam saudáveis. A vida era dura, o trabalho constante, mas havia segurança na rotina estabelecida, nas tradições passadas de geração em geração, no conhecimento acumulado sobre as plantas, os animais, as estações
Mais tarde, quando a lua já estava alta no céu, Aran e sua família retornaram à cabana. Os filhos logo adormeceram, exaustos das atividades do dia. Aran e Nima permaneceram um pouco mais acordados, planejando o dia seguinte à luz bruxuleante do fogo central
Quando finalmente se deitaram sobre as esteiras de palha cobertas com peles, Aran refletiu sobre sua vida. Seu pai e seu avô haviam conhecido os tempos antigos, quando a comunidade ainda se deslocava em busca de caça e alimentos silvestres. Agora, a aldeia estava estabelecida há mais de quatro gerações no mesmo local, os campos se expandiam a cada ano, e as crianças cresciam conhecendo apenas esta vida sedentária.
Os desafios eram diferentes — pragas nas plantações, disputas ocasionais com outras aldeias por terras férteis, a necessidade de armazenar alimentos suficientes para o inverno — mas a vida era mais previsível, mais segura.
Com estes pensamentos, Aran adormeceu, sabendo que amanhã o ciclo recomeçaria: o despertar antes do amanhecer, o trabalho nos campos, as trocas na aldeia, as celebrações comunitárias, a constante luta pela sobrevivência e prosperidade que caracterizava a vida humana no auge do período neolítico.